14.8.13

NUMB

Às vezes eu deixo de pensar nas composturas, passo a sentir mais as texturas, as coisas que a gente vê mas não enxerga. É como um botão de liga/desliga, só que no automático, sem nenhuma embreagem para pressionar. E, por mais queira soltar e apertar o acelerador, ele não vinga, não existe. Eu fico sem pés.
Queria eu aproveitar esse momento para entender melhor o que está no meu subjetivo, mas quanto mais eu tento chegar perto da ideia, mais distante eu vou ficando de mim, meu corpo tá longe. E eu perco, me perco nos giros soltos que vou dando para cumprir as burocracias. Cambaleio pelas conversas, já não entendo mais de festas e muito menos de como me portar. É como se tivessem apagado tudo. Ou tudo tivesse perdido o sentido, as coisas parecem tão bobas.
O assustador é perder o tato e ao mesmo tempo visualizar tanta coisa, tanto detalhe. As coisas vão virando gente e a gente vai perdendo cor, ou pelo menos eu, eu perdi cor. Me apaguei, me deitei. E não consigo mais saber se o que eu sinto é nulo ou dor. Ou nenhum dos dois.
E eu fico indiferente a tudo. Vou passando, vou deixando, vou andando sem ninguém.

Trilha sonora: Oskar Schuster - Les Sablons

Au revoir